sexta-feira, 30 de outubro de 2009

IMPLANTE BIÔNICO DE OUVIDO


*ALMEIDA, W.E.M.; *DINIZ, K.G.
**CARVALHO, M.M.; **LANA, C. S.
*Aluno do curso de Biomedicina da UNIPAC – campus Ipatinga
**Docente do curso de Biomedicina da UNIPAC – campus Ipatinga e orientador do trabalho

RESUMO

O implante coclear ou ouvido biônico, como é conhecido popularmente, é o dispositivo eletrônico que possui um aparato tecnológico mais recente na área de próteses auditivas. O implante coclear tem por objetivo a regeneração da capacidade auditiva, o aprimoramento e/ou restabelecimento da comunicação oral verbal do portador de surdez.
OBJETIVO: informar sobre o funcionamento e estrutura do implante coclear.
Descritores: Implante coclear, Surdez.

INTRODUÇÃO

Os primeiros aparelhos de amplificação sonora individual, as próteses de caixa (também chamadas de convencionais), surgiram na década de 40 (Pereira MB; Feres MCLC; 2005). As próteses portáteis de caixa eram aparelhos analógicos que captavam e transportavam, através de cabos, o som ambiente de forma amplificada até os ouvidos. Em 1995, foram produzidas as próteses auditivas digitais. O processamento de sinal digital apresenta diversas vantagens sobre o sistema analógico, incluindo a possibilidade de serem programados, a miniaturização, baixo consumo de energia, menor ruído interno, maior estabilidade e complexidade no processamento (Pereira MB; Feres MCLC; 2005). O implante coclear é um exemplo de prótese digital.

A cóclea é um órgão do ouvido interno semelhante a um caracol que abriga uma série de células eletricamente sensíveis, as células ciliadas, que são “receptores terminais que geram impulsos nervosos em resposta às vibrações sonoras” (GUYTON; HALL; 2000). Os impulsos nervosos resultantes das vibrações sonoras são analisados pelo cérebro humano como forma de som. O implante coclear, como o próprio nome sugere, é adaptado no interior da cóclea.

O CAMINHO DO SOM

As ondas sonoras resultantes do meio ambiente penetram primeiramente no ouvido externo através do pavilhão auditivo (comumente chamado de orelha) e do meato acústico externo (estrutura anatômica do ouvido externo). Em seguida, as ondas sonoras atingem a membrana timpânica e a cadeia ossicular do ouvido médio. Posteriormente essas ondas chegam ao ouvido interno e atingem: a janela oval, a cóclea e as células ciliadas (que geram os impulsos elétricos ou nervosos). Os impulsos nervosos estimulam os nervos auditivos a produzirem estímulos elétricos, que atingem o sistema nervoso central e o cérebro os interpreta como forma de som.

A lesão ou inexistência de células ciliadas acarreta um quadro de surdez, pois essas células geram impulsos nervos que são responsáveis pela estimulação do nervo auditivo, como já foi descrito anteriormente. O implante coclear assume a função das células ciliadas e estimula de forma direta o nervo auditivo, proporcionando a restauração da audição.

IMPLANTE COCLEAR

O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta complexidade tecnológica e tem por objetivo a regeneração da capacidade auditiva, aprimoramento e/ou restabelecimento da comunicação oral verbal do portador de surdez. O implante coclear é indicado quando pacientes apresentam disfunção auditiva de grau tão elevado que mesmo um aparelho de amplificação sonora individual (AASI) mais potente não consegue ajudá-lo. O aparelho é dividido em unidade externa e unidade interna, a unidade interna é posicionada no interior da cabeça do paciente através de procedimentos cirúrgicos.


Os procedimentos para implantação do ouvido biônico (implante coclear) consistem na inserção cirúrgica de minúsculos eletrodos no interior da cóclea. Esses eletrodos são provenientes da unidade interna do implante coclear e são responsáveis pela estimulação direta do nervo auditivo que, por sua vez, estimula os receptores cerebrais. Posteriormente conecta-se a unidade externa do aparelho à unidade interna através de antenas transmissoras e ímãs que compõem as duas unidades. A unidade externa possui ainda um microfone e um processador de fala. O microfone capta os sons externos e os transmite ao processador de fala, que seleciona e analisa os componentes sonoros e os codifica em impulsos elétricos que serão transmitidos para a antena transmissora através de um cabo. Pela antena são transmitidos sinais que chegaram à unidade interna por meio de radiofrequências. A unidade interna possui um receptor estimulador interno que se localiza sob o tecido cutâneo. Este receptor estimulador abriga um “chip” que transforma os códigos em sinais elétricos e exteriorizam impulsos elétricos para os eletrodos (presentes no interior da cóclea), estimulando de forma direta as fibras do nervo auditivo. Nosso cérebro capta estes estímulos como som. Desta maneira, os pacientes conseguem a restauração da audição e são capazes de se comunicarem novamente.



CRITÉRIOS DE SELEÇÃO PARA CANDIDATOS AO IMPLANTE COCLEAR

Segundo o Centro de Pesquisas Audiológicas do HPRLLP/ USP - Campus Bauru, o paciente adulto que deseja submeter-se ao implante coclear (IC) deve preencher os seguintes requisitos: possuir idade acima de 18 anos, apresentar Perda Auditiva Neuro-sensorial (PANS) de grau profundo bilateral e pós-lingual, não apresentar benefício com prótese auditiva, ou seja, não possuir melhora auditiva com o uso da prótese, possuir até dez anos de surdez (em deficiências auditivas progressivas não há limite de tempo), ter adequação psicológica e motivação para o uso do implante coclear. Sendo o candidato uma criança, ela deverá: possuir idade superior a 1 ano e inferior a 18 anos, PANS de grau profundo bilateral, ter tido aquisição da perda auditiva (PA) no período pós-lingual (entre 2 e 4 anos de idade), apresentar até 6 anos de tempo de surdez no caso de PA pós - lingual (em deficiências auditivas progressivas, não há limite de tempo), realizar uma adaptação prévia de próteses auditivas e reabilitação auditiva durante 6 meses, possuir incapacidade de reconhecimento de palavras em "conjunto fechado", ser proveniente de uma família adequada e motivada para o uso do IC, realizar a reabilitação na cidade de origem.


CONCLUSÃO

O implante coclear promove a elevação da qualidade de vida e a inclusão social dos portadores da surdez. O implante biônico é realizado de forma gratuita, através do Sistema Único de Saúde (SUS), pelos hospitais do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Rio Grande Do Norte. A introdução, no SUS, de demais hospitais para a realização da cirurgia de implante coclear seria de grande importância para os indivíduos de baixa renda que apresentam perda auditiva no Brasil, visto que o custo da cirurgia é de aproximadamente 40 mil reais.